A célebre máxima "vamos mudar, não mudando" ganha novamente espaço no
vestiário do Inter. Ainda que a diretoria colorada saiba que há
necessidade de uma nova postura em campo por parte de alguns jogadores, é
consenso entre o departamento de futebol que a comissão técnica de
Dorival Júnior é intocável.
Após a derrota para o Juan Aurich em Chiclayo, uma sexta-feira
inteira de conversas e questionamentos sobre o futuro do time gaúcho na
Libertadores impuseram uma certeza no vestiário vermelho: a pior
campanha entre os classificados para a segunda fase da competição
sul-americana é aquém ao potencial do grupo.
A defesa do time de Dorival Júnior está em xeque. Não há mais espaço
para erros de posicionamento como o que originou o gol de Tejada. Da
mesma forma, Kleber receberá atenção especial. A postura em campo do
lateral-esquerdo — que por vezes parece estar sonolento, apático —
recebeu críticas internas e será motivo para uma conversa. Com a série
de decisões que tem pela frente, o Inter espera que os jogadores mostrem
algo novo.
— Se você não tiver vontade, gana, nada acontece. O Inter tem de ser
um time guerreiro. O ambiente é o melhor possível, não há problemas
sérios de relacionamento, não temos problema financeiro. Falta uma
imposição — resumiu o vice-presidente Luís Anápio Gomes.
Ainda que acreditem que o estilo calmo e sereno de Dorival Júnior
possa contribuir para o baixo rendimento em campo, está descartada
qualquer mudança no vestiário para o Brasileirão. Nem mesmo uma possível
eliminação na Libertadores ou um mau resultado no Gauchão fariam com
que o clube demitisse o treinador.
Uma análise do trabalho de Dorival Júnior foi feita antes mesmo do
retorno a Porto Alegre. Anápio deu como exemplo a demissão do técnico
Celso Roth na Libertadores de 2011. Classificou o fato como "um erro que
não será repetido". Segundo o departamento de futebol, Dorival tem o
grupo na mão. Pode não ter a firmeza de técnicos como Muricy Ramalho e
Abel Braga, mas se impõe aos jogadores de outras formas.
— Existe um fato: o time não está aguerrido em campo. O grupo o respeita — define Anápio.
Para o Brasileirão, não há perspectiva de contratações. O Inter sabe
que necessita de um zagueiro e um lateral-direito para entrar na
competição nacional com um grupo completo em busca do título que não
vence desde 1979. Anápio espera que com o retorno de Dagoberto — de fora
desde o início de abril com uma lesão na coxa — e com a resolução do
imbróglio entre Oscar e São Paulo o grupo volte a ter maiores opções
técnicas para que Dorival possa armar diferentes tipos de equipes. E,
com isso, surpreender os adversários.
— Ainda que em outras posições nós sabemos estamos aquém das
expectativas, temos a zaga como o principal ponto de investimento.
Estamos atentos ao mercado, mas também não faremos nenhuma loucura em
termos financeiros — disse Anápio.
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