O Inter está correndo certo, não correndo mais. Assim, Fernandão
caracteriza o momento colorado desde que assumiu o comando da equipe.
Após a vitória de 1 a 0 sobre o Figueirense, o técnico disse não
acreditar que o time não corria o suficiente com Dorival Júnior, mas
afirmou que a organização dos últimos jogos fez com que os jogadores
deixassem de correr errado.
— Não vejo isso em relação à vontade. Os jogadores estavam correndo
bastante. A primeira coisa que eu frisei foi organizar um pouco. Você vê
que o Fred, por exemplo, não vai do lado direito marcar o
lateral-esquerdo do adversário. Quando você está organizado, parece que
você está correndo mais. Na verdade, você está correndo certo, não corre
errado. Quando você corre errado, você às vezes está correndo muito,
mas não parece que está correndo — afirmou o treinador.
A relação do novo treinador com o grupo de jogadores foi um dos temas
recorrentes da entrevista e Fernandão citou uma conversa com os
zagueiros do Inter, na qual comunicou que Bolívar ganhou a titularidade
de Rodrigo Moledo, como um exemplo de que a honestidade no trato com os
atletas é essencial para manter o bom relacionamento:
— Eu tenho um estilo que eu sempre gostei como jogador, que é você
tentar ser o mais honesto possível. Por exemplo, o Moledo: ele pode ser
titular de qualquer time do Brasil hoje, pela velocidade e força que
tem. Eu chamei ele, o Indio e o Bolívar, três grandes zagueiros, olhei
no olho dos três e disse que, pelo que o Bolívar vem jogando, eu tenho
que respeitar o Bolívar. Eu tirei o Ratinho no intervalo contra o
Atlético e deixei bem claro para ele que não foi pela saída dele que o
time fez três gols no segundo tempo. Você tem que ser bem claro e
honesto. Assim vai ser sempre.
O treinador aproveitou para exaltar a postura de D´Alessandro em
campo. O argentino sofreu várias entradas violentas de seus marcadores,
mas não se descontrolou em nenhum momento.
— O D´Ale eu tive que puxar mais para o lado porque ele estava
sofrendo uma marcação individual. Tenho que frisar o que o D´Ale fez
hoje. Ele apanhou praticamente o jogo todo e em nenhum momento perdeu a
cabeça. Eu confio muito no D´Alessandro. É um jogador muito guerreiro,
que sempre busca vencer. Não vou mudar isso nele e é um jogador que eu
confio muito — concluiu o treinador.
Confira outros trechos da entrevista de Fernandão:
Pressão do Figueirense:
"Eu acho que antes do jogo a gente já sabia. O Hélio só teve
terça-feira para trabalhar. Eu já sabia que ele ia explorar essa bola
alta, essa bola aberta pelo lado. O Guilherme Santos tem volúpia e chega
muito bem no fundo. A gente não encaixou no começo da partida a subida
dele, depois começamos a consertar. Isso fez com que o time assentasse
na partida".
Postura fora de casa:
"É normal que a gente marque mais baixo fora de casa, o adversário te
empurra e a gente tem que ter uma saída rápida. Numa jogada do D´Ale e
do Fred pelo lado esquerdo, conseguimos fazer um gol em uma jogada bem
feita, quase um contra-ataque. Depois a gente sofreu, isso é normal. O
Campeonato Brasileiro é assim. O importante foi o grupo ter aguentado,
se fechando em duas linhas de quatro. O Figueirense bateu muito em cima
da gente".
Formação de meio-campo:
"O Guina fez uma baita partida contra o Atlético. Você joga com a
bola e sem a bola. Com a bola, a gente tem um sistema de jogo, com
praticamente um volante e três armadores. Sendo atacado, a gente tenta
manter uma linha com três volantes. Hoje, tivemos que compor uma linha
de quatro por causa do Guilherme Santos. Eles tem que saber que o grupo é
forte, o elenco do Inter é forte. Eu sempre vou valorizar aqueles que
estão entrando. O Fredinho está buscando o espaço dele e, na medida do
possível, vou tentar encaixar todos ali dentro".
Adaptação jogo a jogo:
"Nós temos 32 jogadores no elenco e todos tem condições de jogar.
Cabe a mim achar uma maneira de jogar com alguns e outra com outros,
para eu explorar da melhor maneira possível a eficiência de cada um. A
gente vai tentando, jogo a jogo, armar o esquema tático que seja o
melhor. Quem fica de fora tem que entender isso. Eles tem que se manter
focados, treinando bastante".
Forlán:
"Forlán teve mais um trabalho hoje, com bola. A gente vai entender na
quinta como foi o sentimento dele. Vamos esperar amanhã. Sexta eu falo
se ele estreia ou não".
Ygor:
"O Ygor acabou dando uma consistência e fez com que o Elton
crescesse, com o Guiñazu crescesse no jogo passado e está fazendo com
que o Fred cresça. Eu já tinha visto o Ygor jogando pelo Figueirense
aqui no ano passado e sei da capacidade que ele tem. Ele tem uma
consciência tática ali dentro, algo que é muito importante para esse
primeiro volante. Ele tem capacidade e qualidade, como tem o Josimar,
como o Bolatti. Isso mostra que, se um dá brecha, o outro vem e toma o
lugar".
Jajá:
"Eu fiquei chateado, porque no momento que eu decidi, no meu
pensamento, de tirar o Jajá, a torcida começou a gritar. Eu até pensei
por dois segundos de não tirá-lo. Ele teve um erro apenas, naquela
conclusão, mas que ele chapou muito forte e não quis brincar na frente
do gol. Eu tenho que falar que o Jajá está se dedicando muito pelo
grupo. Ele está marcando, está diminuindo, está compondo taticamente a
equipe. Ele já estava cansado e a gente sabe que o Jajá terá que crescer
na parte física. A participação dele foi louvável. Taticamente ele foi
muito bem. Eu não vou anunciar hoje a entrada do Forlán. Nós precisamos
ver como ele vai reagir amanhã e sexta".
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