O piso sintético do Passo D’Areia, desconhecido da maioria dos
jogadores do Grêmio, é apenas parte da dificuldade que a equipe irá
enfrentar no jogo de sábado, contra o São José.
A outra parte
ficará por conta do calor, que, na hora da partida, promete ser mais
intenso do que o registrado nesta quarta-feira.
Composto por
brita, contrapiso asfáltico e borracha, que serve para absorver o
impacto, o gramado sintético, inaugurado há um ano, passa aos jogadores
uma sensação de desconforto. Conforme Gabriel, o piso é duro e a bola
corre mais rápido. Carrinho, nem pensar.
— Queima toda a perna — preocupa-se o lateral direito.
As chuteiras, que já esquentam em dias de temperatura amena, ferviam nesta quarta, quando o calor chegou a 35°C.
—
Parece que o pé está dentro do fogo — assusta-se o centroavante André
Lima, enquanto molha as chuteiras, sentado à beira do campo.
Ao seu lado, o volante Fernando também brinca com a situação:
— Se não molhar, vai cozinhar.
Fisiologista
do São José desde 2010, Jefferson Oliveira revela que os jogadores de
sua equipe utilizam uma palmilha especial que diminui em até 10°C a
temperatura do pé. Sorrindo, recusa-se a dar o nome do produto, para que
o Grêmio não use o recurso.
A adaptação ao forte calor previsto
para sábado é feita desde o início da semana. Por recomendação do
coordenador científico Luiz César Martins, os jogadores têm abusado do
consumo de sucos, água de coco e isotônicos. Nesta quarta, o treino era
interrompido a cada 20 minutos para que os jogadores se hidratassem.
Quatro galões de água foram consumidos.
— O Batista não pode
trabalhar nesse jogo de sábado — provoca Glauco Pasa, repórter da RBS
TV, numa referência ao desmaio do comentarista frente às câmeras em
fevereiro de 2010, durante a transmissão de um jogo do Gauchão a 40ºC.
O
temor de lesão também é admitido. Sob a a alegação de que as travas
podem trancar no piso e provocar torção no joelho, a maioria dos
jogadores optará por chuteiras utilizadas em futebol society. Paulo
Matos, gerente de futebol do São José, incomoda-se com as críticas. Como
resposta, diz que as duas únicas lesões sofridas por jogadores do clube
foram em jogos disputados fora de casa.
— Falam do caso do
Sorondo (que sofreu lesão de joelho e clavícula no gramado sintético),
mas ele caiu com o ombro para fora do gramado — diz.
Representante
da Gramados Sintéticos, empresa que há um ano instalou o piso do Passo
D’Areia, Ricardo Aquino diz que o campo foi aprovado por um laboratório
holandês credenciado pela Fifa. Segundo ele, estudos mostram que os
riscos de uma lesão são os mesmos do campo normal.
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